sábado, 21 de janeiro de 2017

Uma definição por dia: eutanásia passiva

Segundo a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, o termo exprime a omissão intencional de cuidados ou tratamentos que são necessários, proporcionados e razoáveis, deixando morrer o paciente. Esta expressão é, às vezes, indevidamente utilizada para referir, naquilo que é uma boa prática médica, a omissão de tratamentos desproporcionados e que são indesejáveis, muito custosos (o que se designa por futilidade terapêutica) e agravam o sofrimento [ver definição de limitação do esforço terapêutico neste blogue]. A SPCP recomenda que, de maneira geral, não se utilize a expressão em geral. No entanto, refere a associação, "sobretudo por razões académicas, é conveniente manter a expressão e o conceito específicos de eutanásia passiva pois, por vezes, acaba-se assim com a vida do paciente por indicação médica: negando-lhe cuidados que são necessários e razoáveis."

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Opinião: do novo Bastonario da Ordem dos Medicos sobre eutanásia

Miguel Guimarães é o novo bastonário da Ordem dos Médicos. O urologista de 54 anos foi eleito à primeira volta, com 70% dos votos.
"O meu compromisso é com a defesa da ética e do código Deontológico, que expressamente condena a eutanásia e a distanásia. Compreendo a discussão, mas penso que nas questões relativas ao fim de vida há outras opções já validadas e enquadradas legalmente, que não têm sido devidamente discutidas e aplicadas. Refiro-me aos cuidados paliativos e ao testamento vital."
Para ler mais sobre esta noticia leia aqui

Uma definição por dia: doença avançada terminal

Termo que indica o curso gradual e progressivo de uma doença que deixa de ter resposta aos tratamentos disponíveis e que evoluirá até à morte do paciente a curto ou médio prazo, num quadro de aumento da sua fragilidade e perda de autonomia progressivas. Este período da doença é acompanhado de múltiplos sintomas e provoca um grande impacto emocional nos doentes e nos seus familiares, bem como nas equipas terapêuticas.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Uma definição por dia: eutanásia involuntária

Trata-se da eutanásia praticada sem o consentimento do paciente, o que, na prática, corresponde a  um homicídio. É por isso mesmo, uma expressão equívoca e incorrecta. Exemplo desta prática é o que acontece na Holanda de hoje. Apesar do que estabelece a lei sobre eutanásia, na realidade, para matar uma ou um doente terminal, na Holanda basta um relatório médico sobre o seu estado clínico e psíquico. O abuso é tal que, perante a possibilidade de se ser ajudado a morrer sem ter pedido, difundiu-se o costume de levar uma "declaração de vontade de viver" de cada vez que uma mulher ou um homem entra em contacto com o sistema de saúde. Como se vê, o direito à decisão pessoal tem vindo a ser fortemente limitado naquele país.

Movimento Cívico STOP eutanásia

Somos por uma vida com dignidade até ao fim, defendemos uma cultura que apoia os mais fragilizados na doença, na velhice, na solidão. Dizemos sim ao direito a ter qualidade de vida no momento do sofrimento, com a ajuda dos cuidados paliativos é possível melhorar a situação de doenças incuráveis.
O STOPeutanasia.blogspot.pt decorre da necessidade de agregar informação rica e multidisciplinar sobre as variadíssimas escolhas e caminhos alternativos à eutanásia e ao chamado “suicídio assistido”.
Temos por objectivo apresentar todos os aspectos da questão abertamente, honestamente e o melhor possível, sem o viés habitual causado por interesses políticos, ideológicos ou outros.
Procuramos apresentar informação proveniente dos poucos Estados que aprovaram leis sobre eutanásia e dar a conhecer o forte impacto contraproducente que se fez sentir na vida social daqueles países.
Tem sido a nossa visão desde o início apresentar factos e opiniões de forma serena, num formato fácil de compreender e de partilhar. Por isso, abrimos também uma página no Facebook e Twitter.
Para este esforço informativo contamos com o apoio ao mais alto nível da associação Alliance VITTA (França) e do Instituto Europeu de Bioética (Bélgica), bem como de muitos profissionais de vários sectores de actividade em Portugal.
As responsáveis do Movimento Cívico STOP eutanasia são: Sofia Guedes, Marta Roque, Graça Varão, Thereza Carvalho.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Uma definição por dia: boa prática médica

Nos cuidados de fim de vida pode considerar-se boa prática médica aquela que é orientada para a promoção da dignidade e da qualidade de vida do doente. Os meios para isso incluem a atenção integral do doente e dos familiares, o controlo dos sintomas, o apoio emocional e uma comunicação adequada. Todos estes princípios constituem a essência dos cuidados paliativos. A boa prática médica inclui também todas as medidas terapêuticas sensatas que evitem tanto a obstinação como o abandono, o prolongamento desnecessário da vida, como o seu encurtamento deliberado. 

Opinião: de António Prôa

O Parlamento está prestes a iniciar no plenário a discussão  sobre eutanásia
António Prôa, Vereador do PSD na Câmara Municipal de Lisboa
Aqui está um combate sobre a concepção de sociedade que queremos, sobre a comunidade que somos. Em relação à organização da sociedade, os sinais e as consequências são preocupantes. Uma sociedade que oferece a morte como solução para evitar o sofrimento é forçosamente uma sociedade que se desresponsabiliza por cuidar e acompanhar os mais frágeis. Será a eutanásia compatível com uma sociedade mais solidária e menos individualista? Eu vou estar neste combate!


#stopeutanasia
#todaavidatemdignidade

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Uma definição por dia: limitação do esforço terapêutico

É importante compreender correctamente este conceito. As equipas médicas costumam referir-se a ele quando se trata de retirar ou não iniciar um tratamento que, a juízo dessa equipa profissional, é desnecessário perante o mau prognóstico do paciente. Só serve para prolongar uma situação clínica que não tem qualquer expectativa razoável de melhoria. O termo pode gerar confusão, pois não se trata de todo de deixar de cuidar do doente. Por isso tem vindo a ser evitado, preferindo-se falar de uma reorientação de objectivos, mantendo-se o cuidado do doente.

As quatro forças dos cuidados paliativos

  
                           
Atenção médica

Atenção espiritual

Atenção psicológica

Atenção social


A qualidade e o conforto na etapa final da vida podem ser aumentados graças ao precioso trabalho das equipas de cuidados paliativos. Estas equipas de especialistas dedicam-se a quatro tarefas essenciais: tratar e controlar os sintomas de forma personalizada e adequada a cada doente; dar apoio emocional aos doentes, falando-lhes de forma aberta e próxima, e com os familiares; visitar os doentes nas suas casas, adaptando-se a cada situação concreta de doença; coordenar todas as acções necessárias para que a atenção aos doentes e aos familiares seja integral. A atenção médica, psicológica, espiritual e social que os doentes recebem torna-se uma verdadeira companhia para cada pessoa, de que há numerosos testemunhos de satisfação e gratidão.

Chuva de mails a deputados e derrota do suicídio assistido no parlamento britânico

Em Setembro passado a Câmara dos Comuns do Reino Unido votou contra um projecto de lei para permitir que pessoas com doenças terminais decidam o fim da própria vida sob supervisão médica. O projecto apresentado por Rob Marris, membro do partido trabalhista, foi derrotado por 118 votos a favor e 330 votos contra. Este resultado representa uma enorme derrota para aqueles que pretendem que a Inglaterra e o País de Gales acompanhem os países do Benelux e da Suíça, bem como estados como o Oregon, na legalização do suicídio assistido.
Para o debate acalorado contribuíram os numerosos e-mails e cartas de cidadãos britânicos aos deputados manifestando as suas posições sobre o assunto. Na abertura do debate, Natascha Engel, vice-presidente da Câmara, revelou que recebera uma quantidade "sem precedentes" de pedidos de deputados para tomar a palavra, e foi então que vários afirmaram ter recebido mais cartas e e-mails sobre a questão do suicídio assistido do que sobre qualquer outra preocupação nacional, um sinal de como o debate atraiu fortemente a atenção no Reino Unido. Muitas das cartas denunciavam o problema sobre a saída de cidadãos para regiões onde a prática é legal, em busca de pôr fim à própria vida. Leia mais sobre esta notícia aqui.

Filme: Amigos improváveis

Baseado na história de Philippe Pozzo di Borgo, fundador da associação Soulager mais pas tuer.
Na sequência de um acidente de parapente que o deixou tetraplégico, Philippe (François Cluzet), um aristocrata francês de meia-idade, decide contratar alguém que o apoie nas suas rotinas diárias. É então que conhece Driss (Omar Sy), um jovem senegalês de um bairro problemático, recém-saído da prisão. Driss é, segundo todas as aparências, alguém totalmente inadequado à função, porém Philippe, estabelecendo com ele um vínculo imediato, contrata-o. Assim, com o passar dos dias, aqueles dois homens com vidas tão díspares vão encontrar coisas em comum que ninguém julgaria possíveis, nascendo entre eles uma amizade que, apesar de improvável, se tornará mais profunda a cada dia. Realizado por Olivier Nakache e Eric Toledano, esta é uma comédia dramática baseada no livro autobiográfico "Le Second Soufflé", escrito por Philippe Pozzo di Borgo. Foi o filme mais visto em França em 2011. O dinheiro arrecadado com a venda dos direitos da adaptação do livro foram doados a uma associação de ajuda a portadores de deficiência motora. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Uma definição por dia: estado vegetativo persistente

O estado vegetativo é uma situação clínica de completa ausência da consciência de si e do ambiente circundante, com ciclos de sono-vigília e preservação completa ou parcial das funções hipotalâmicas e do tronco cerebral. Alguns critérios claros permitem identificar este estado: total ausência de consciência do eu ou do ambiente circundante, impossibilidade de interacção com o próximo, ausência de respostas sustentadas, reprodutíveis, intencionais e voluntárias a estímulos visuais, auditivos, tácteis ou nóxicos, ausência de compreensão ou expressão verbais, vigília intermitente, preservação das funções hipotalâmicas e autonómicas suficientes para a sobrevivência, incontinência, preservação em grau variável dos reflexos dos nervos cranianos e espinomedulares.
Relativamente à duração, designa-se estado vegetativo o quadro clínico inicial, estado vegetativo continuado quando o quadro persiste pelo menos 4 semanas e estado vegetativo persistente (EVP) quando as alterações neurológicas persistem por mais de 3 meses, e 12 meses na sequência de um traumatismo craniano. O EVP distingue-se inequivocamente do estado de morte cerebral, quer por critérios clínicos, quer por critérios laboratoriais. Igualmente o prognóstico é completamente distinto e por isso eles requerem abordagens clínicas e terapêuticas totalmente diversas.
Para saber mais, consulte o Relatório sobre o Estado Vegetativo Persistente, do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (2005).

A avó que teme a eutanásia

Depois de em Junho de 2016 ter entrado em vigor legislação federal no Canadá que cria um novo quadro regulamentar para assistência médica na morte, o suicídio assistido passou a ser legal naquele país. Foi então que a canadiana Christine Nagel, uma avó de 81 anos que vive em Calgary, se fez fotografar exibindo uma tatuagem no braço com a frase “Don’t euthanize me”, “Não me apliquem a eutanásia”. Em declarações à imprensa local, Nagel diz tratar-se de um "sério alerta" para evitar que a medicina "se furte ao cuidado dos doentes, deficientes e idosos".
Na mesma linha, em Dezembro passado, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) tomou posição contra a eutanásia, sustentando que "um psiquiatra não deve prescrever ou realizar qualquer intervenção que conduza à morte uma pessoa não-terminal. Isto implica considerar não-ético para um psiquiatra ajudar uma pessoa não-terminal a cometer suicídio, quer fornecendo os meios, quer por injecção letal directa, como é actualmente praticado na Holanda e na Bélgica". A APA teme que o Canadá e vários estados dos EUA estejam a caminhar naquela direcção. Vários pacientes psiquiátricos estão a ser ajudados a cometer suicídio por organizações activistas como a Final Exit.
Fonte: Aleteia.org

domingo, 15 de janeiro de 2017

Uma definição por dia: suicídio assistido

«Uma definição por dia» regressa ao blogue. Hoje, suicídio assistido. Designa a morte de alguém que, estando consciente, pede ajuda para morrer mas executa a sua própria morte. Esta prática está legalizada na Suiça e no estado do Oregon (para além de outros cinco dos Estados Unidos da América). Neste estado, a prática entrou em vigor em 1997, permitindo aos médicos prescrever fármacos que o paciente se administra directamente. Na Suiça, a eutanásia não é permitida por lei, mas o vazio legal autoriza o suicídio assistido desde 2006.