Biologicamente
a vida na terra assenta na sua quase infinita diversificação e na
sua perfeita adaptação ao ambiente em que cada espécie se situa.
Existe
uma harmonia entre o planeta e a vida que dentro dele surgiu,
formando-se entre ambos uma relação de unidade e de multiplicidade
que sobrevive e se reproduz, ad
eterno.
À
semelhança da vida biológica, a vida social é também harmónica
porque, à infindável multiplicidade de elementos que a formam
corresponde uma unidade social que é assegurada por instituições
permanentes.
É
pela integração do indivíduo biológico e social no seio das
instituições que as necessidades e desejos de cada um de nós ganha
interesse colectivo na medida em que interioriza as suas regras, leis
e valores, os quais permitem ultrapassar o individual egoísta e
ascendem à esfera do absoluto, do todo, no qual se integram e
pertencem como Pessoa. Ser
Pessoa é constituir-se conscientemente como um ser de valores activo
e desencadear comportamentos que, na ordem do bem, levem a
ultrapassar o centro ético da sua esfera, para integrar os problemas
do tempo em que vive, ajudar a solucioná-los para bem de toda a
humanidade, a empenhar-se por deixar um mundo melhor aos vindouros,
numa palavra: a ser útil e a deixar rasto.
É
neste contexto que urge a imperiosa necessidade da formação da
consciência moral bem formada e informada (não
deformada), a fim de que cada ser humano possa compreender e
interiorizar a riqueza que lhe advém pelo facto de ser uma pessoa e,
como tal, portadora duma dignidade imensa, com possibilidade de se
conhecer, de se possuir e de livremente se dar e entrar em comunhão
com outras pessoas, potenciando uma imensa capacidade de amar e ser
amado e fazer progredir o mundo renovando a justiça e a paz.
Tarefa
sublime e única que só ao ser humano compete, por ser um animal
racional e ter a capacidade/possibilidade de construir, à luz dum
saber que se quer total e não relativo, amplo e não fragmentado,
uma cultura de vida e não de morte, de amor e de apoio e não de
descarte.
A
vida é um dom que se acolhe, é um bem que se partilha e que, antes
de desabrochar, já potencia toda a riqueza e mistério que nos
envolve e transcende.
A
vida é um valor em si própria e, como tal, merece ser respeitada e
conservada até ao seu fim natural.
Texto de Susana Mexia, Professora de Filosofia