quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Eutanásia: «É preciso ter coragem para a ajudar a aceitar esta morte», parte I

Axelle Huber, cujo marido morreu com a doença de Charcot, deseja que se faça ouvir outra voz sobre a eutanásia contrária à de Anne Bert, escritora que, sofrendo da mesma doença, decidiu exilar-se na Bélgica para ser eutanasiada.
Professora de história e geografia na Ilha de França e mãe de 4 crianças, Axelle Huber perdeu o seu marido  Léonard, com a doença de Charcot. Esta doença conduz a uma paralisia generalizada. Ela contou a sua luta de quatro anos contra a doença no seu livro " Si je ne peux plus marcher, je courrai!" publicado em  2016 pela editora Mame. Opondo-se à eutanásia, ela pretende responder a Anne Bert, escritora com a mesma doença do seu falecido marido e que anunciou nos media que se iria exilar na Bélgica para  morrer.
Aleteia: Axelle Huber, pediu a Léa Salamé nas redes sociais que fizesse ouvir na sua emissão com  Nicolas Demorand na France inter, «uma outra voz sobre a eutanásia» diferente da de Anne Bert. Qual o objetivo da sua iniciativa? 
Axelle Huber: Anne Bert sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), mais vulgarmente conhecida por doença de Charcot. Também foi o caso do meu marido Léonard que morreu em  2013 com 41 anos. Esta doença está classificada pela OMS como uma das  doenças mais graves. Anne Bert escreveu um livro e expressou publicamente o seu pedido para ser eutanasiada. Eu gostaria de lhe transmitir toda a minha compaixão. Cada vez que eu tomo conhecimento de um novo caso de ELA, cada vez que eu conheço um paciente  com esta doença  terrível, o meu coração fica apertado. Se soubessem como eu desejo que a medicina encontre uma cura para esta doença neurológica que vos prende num corpo que não responde mais. Anne Bert foi recebida por Léa Salamé na France Inter. 
Eu solicitei,então, nas redes sociais a Léa Salamé ser ouvida também. Com efeito, eu quero partilhar o meu testemunho de todo o desenrolar da doença, da degradação, da agonia e da morte natural do Léonard e expressar a minha opinião sobre uma legalização da eutanásia. Acompanhei o  Léonard durante os quatro anos da sua doença, quando os nossos quatro filhos eram ainda muito novos (o mais velho só tinha nove anos), contei a nossa história no livro, "Si je ne peux plus marcher, je courrai!”, com prefácio de  Philippe Pozzo di Borgo [cuja história foi  popularizada no filme “Intouchables”]. Eu penso que é legítimo fazer ouvir, sem angelismo, esta voz do Léonard que se apagou mas que, eu acredito, me faz eco. A nossa experiência é um caminho diferente do da eutanásia. A minha iniciativa inscreve-se como tal  numa vontade de promover um debate democrático para que todas as opiniões se possam expressar.
Para ler no original veja aqui.