sexta-feira, 3 de março de 2017

Alargamento do debate da eutanásia para doentes de Alzheimer no Quebec

O Quebec, Estado do Canadá,  está prestes a iniciar um debate sobre a eutanásia involuntária de idosos dementes, depois de um homem de 55 anos de idade, em Montreal, ter alegadamente sufocado a sua esposa que sofria de Alzheimer. Posteriormente postou no Facebook este facto. Michel Cadotte foi acusado de homicídio de segundo grau depois da sua mulher, de 60 anos, morrer numa instituição de assistência. Os deputados do Parlamento no Quebec agora querem abrir um debate público sobre a legalização da eutanásia para as pessoas incapazes de dar o consentimento informado. Este debate sobre a extensão da elegibilidade para a eutanásia está a acontecer um pouco mais de um ano após a entrada em vigor da lei da eutanásia.
A Quebec Alzheimer's Society afirma que os pacientes com demência precisam ser protegidos. "É muito difícil, com a complexidade da demência, saber com certeza o que o doente quer hoje", disse April Hayward, da Sociedade à CTV News. "Eles podem ter expressado um desejo há dez anos e nós sabemos com certeza que é o que eles querem hoje?". Saiba mais sobre este tema aqui.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Conceito de Autonomia por Marta Mendonça, Professora de Filosofia na Universidade Nova

Muitos defendem a eutanásia alegando argumentos que invocam a autonomia e a liberdade individual - expresso em mensagens como "a vida é minha e eu faço com ela o que eu quiser; ninguém tem nada com isso" e "que isso esteja na lei, não obriga ninguém a escolher este caminho". Sobre estas ideias a Filósofa Marta Mendonça adianta que "importa perceber que eutanásia é uma morte infringida a outro a seu pedido, estando em causa, por isso, duas autonomias, a de quem pede e a de quem a pratica". Ninguém é, pois, autónomo em absoluto. "A autonomia humana tem limites, pois ninguém se basta a si mesmo. Dependemos todos uns dos outros. Não é concebível uma sociedade onde a autonomia não tenha limites. E a vida humana é um desses limites à autonomia". Então, não temos direito sobre a nossa vida? Marta Mendonça esclarece: "a eutanásia não é privar alguém de algo (do sofrimento), é eliminar alguém. Ora, "podemos dispor do que temos e do que é nosso, mas da vida não, pois ela não é algo que temos, é algo que somos. É o nosso modo de ser: somos na forma de seres vivos". Se não, não somos!
Excerto do artigo publicado por redacção STOPeutanasia.pt no dia 28/01/017

quarta-feira, 1 de março de 2017

Opinião: O que defendemos no debate sobre a eutanásia

Isabel Galriça Neto, Médica de Cuidados Paliativos e Directora da Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos do Hospital da Luz explica o que está em causa no debate da eutanásia.
"Defende-se uma certa visão distorcida da Autonomia, em nosso entender irrealista e incorrecta: a ideia de que a autonomia é igual a uma autodeterminação absoluta em que o individualismo se estabelece e se ignoram as consequências do exercício das liberdades no Bem Comum. Se a autonomia fosse um valor absoluto, não seriam recusados pedidos nem se reservaria esta opção apenas para situações de fim de vida, e não seriam médicos a aprovar a decisão, esses sim os verdadeiros decisores que vêem o seu poder reforçado.
Defendemos uma sociedade moderna, que tem na protecção da vida o alicerce dos Direitos Humanos, uma sociedade que não descarta os mais vulneráveis e lhes amplia horizontes. Para nós, o problema do sofrimento em fim de vida trata-se cuidando e não eliminando aquele que sofre."
Leia o artigo publicado no jornal Observador aqui.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Canadá: aumento de 14% de eutanásia acima do previsto na lei


O relatório da comissão de eutanásia do Quebec, Canadá,  apresentado em 31 de agosto, afirmava que 262 eutanásias foram relatadas por médicos no Québec e 263 sedações paliativas contínuas foram relatadas por instituições em 30 de junho. O número de eutanásias completadas foi mais de três vezes maior do que a estimativa original dada pelo ministro da Saúde do Québec, Gaetan Barrette, que acreditava que haveria cerca de 100 mortes por eutanásia no primeiro ano. Dezembro marcou o primeiro aniversário do programa de eutanásia do Quebec, e já existem sérias dúvidas sobre o cumprimento da lei. Jeff Blackmer, ex-éticista e atual vice-presidente para o profissionalismo médico com a Associação Médica Canadense, disse a Ryan Turnitty, do jornal Metro, que os médicos canadenses estão a lutar com a participação em procedimentos de morte assistida. Os médicos têm dito a sua classe profissional que lutam com a participação em procedimentos de morte assistida"É muito difícil e muito traumatizante fisiologicamente e não é algo que eu vou passar de novo", comentários de médicos sobre a eutanásia. Blackmer disse que alguns dos médicos do Canadá estão excluindo totalmente a prestação de assistência em fim de vida aos futuros pacientes. A realidade é que matar outro ser humano, mesmo por solicitação, é inerentemente errado e perigoso. As pessoas devem estar preocupadas com os médicos que não têm problemas com matar seus pacientes. Saiba mais sobre a lei da eutanásia no Canadá aqui.