O workshop Palliative Care: everywhere and by everyone, organizado pela Pontifícia Academia pela Vida, teve lugar em Roma de 28 Fevereiro a 1 de Março.
Com
um programa abrangente e um leque de oradores de excelência, foram
abordados ao longo destes dias questões muito diversas e
importantes. A
primeira mesa do dia, moderada pelo Dr.Carlos Centeno (Univ. Navarra)
e a Drª Liliana de Lima (International Association for hospice andpalliative care), discutiu-se o valor dos cuidados
paliativos. O Dr. Eduardo Bruera (MD Anderson Cancer Center) falou de
como a intervenção
dos cuidados paliativos melhora o controlo de sintomas e na
dificuldade que existe
em demonstrar este beneficio aos agentes decisores, nomeadamente
administradores hospitalares. Com muito sentido de humor descreveu as
várias fases de atuação perante os CP, reforçando a importância da investigação e do rigor cientifico na afirmação do valor dos
cuidados paliativos. O papel da intervenção dos cuidados
palliativos no desenvolvimento e melhoria da sociedade e da medicina
foram outros dos temas abordados. Marie-Charlotte Bouesseau, da OMS,
falou da importância dos Cuidados Paliativos na Saúde Pública, importância reconhecida pelas Nações Unidas, que definem o acesso a
estes cuidados como um direito humano.
Na
segunda sessão, palliative care everywhere, os diversos
intervenientes falaram da realidade dos cuidados paliativos nas
várias regiões do mundo. As disparidades de recursos (nomeadamente
farmacológicos e de pessoal com treino), de acesso e de valorização
dos cuidados paliativos no mundo são claramente notórios. Sendo os
cuidados de saúde uma das primeiras causas de falência económica
individual nos USA, o acesso aos cuidados paliativos é ainda
insuficiente, e por vezes pouco aceite pela sociedade que os considera
como uma derrota da medicina interventiva e curativa. Torna-se,
assim, crucial que nos países com mais recursos económicos se
continue a investir seriamente em investigação, para que a maior
disponibilidade de evidência científica possa ser um motor de mudança
e impulsione o desenvolvimento desta área . Nas regiões do mundo
com mais baixos recursos económico, apenas um infíma parte da
população tem acesso a este tipo cuidados e, mesmo esses,
deparam-se com uma grande dificuldade de disponibilidade de fármacos.
As diferenças culturais são também muito notórias nesta área. Na
região da Ásia-Pacifico, por exemplo, um projeto da Universidade
Católica da Coreia (Seoul), apresentada por (irmã) Jinsun Yong,
trabalhava a importância da espiritualidade nos profissionais e
doentes, enquanto que a necessidade de excelência, mas ao mesmo tempo
criatividade, motivação e originalidade foram
os principais focos da apresentação de Emmanuel Luyirika (Uganda)
da African Palliative Care Association. O impressionante testemunho
dos primeiros passos e do desenvolvimento dos Cuidados Paliativos na
India, e de como uma Associação de profissionais católicos
(CHAI-Catholic Health Association in India) tem desenvolvido um
trabalho notável com doentes paliativos, dentro de um enorme
respeito pelas diferentes crenças, religiões e convicções, realça
como o olhar atento para cada ser humana consegue ajudar a melhorar a
vivência de uma situação de sofrimento, mesmo com acesso a poucos
recursos. De realçar ainda a importância crescente dos Advocates Patients junto dos centros de decisão e da sociedade
em geral, na sensibilização para esta área e na promoção dos
cuidados paliativos e da necessidade de serem alocados recursos
vitais para esta área.
*Teresa Sarmento, Médica Oncologista no Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro EPE
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