Centrar o olhar na Pessoa
– O que é ser Pessoa?
O ser humano é Pessoa
desde o primeiro momento da sua conceção até ao último minuto de
Vida. Ser Pessoa é muito mais do que o corpo, do que a sua biologia,
pois engloba também uma dimensão emocional, racional, social e
transcendente. O doente em coma profundo ou debaixo de uma anestesia
total não pensa, está inerte, insensível e sem entendimento. No
entanto a sua vida continua a ser sagrada. Não no sentido religioso
do termo mas na medida em que é inviolável e inspira o máximo
respeito. A vida é sempre bem Supremo! E esta vida nestas
circunstâncias continua a ser Pessoa. Toda a Pessoa é Digna.
Afinal o que é a Dignidade?
É o mais poderoso motor
de solidariedade e de desenvolvimento integral de todos. Dignidade
significa que todo o ser Humano tem um valor intrínseco infinito…
que transcende a própria natureza temporal. (também os miseráveis,
os degradados, os criminosos,… ) Só assim se compreende as
extraordinárias obras e iniciativas de entrega gratuita ao outro.
A Dignidade Humana é
intocável. Aceitar a eutanásia é aceitar que a Dignidade e o Valor
da Vida Humana podem variar e podem perder-se. A dignidade da vida
humana deixa de ser uma qualidade intrínseca, passa a variar em grau
e a depender de alguma dessas condições externas. O que exclui a
eutanásia é exatamente o respeito pela dignidade humana.
A Dignidade é expressão
da Humanidade do Homem. Não depende do reconhecimento do outro, pois
é uma qualidade inerente ao próprio Ser e abarca toda a vida
humana. A dignidade de uma pessoa não se mede pela sua popularidade,
pela sua utilidade para a sociedade, nem diminui com o sofrimento ou
a proximidade da morte… e nunca se perde. Se a vida humana não
vale por si mesma, qualquer um pode sempre instrumentalizá-la em
função de qualquer finalidade. Também não é atribuída pelo
Direito. É antes, e sempre, merecedora de proteção pelo Estad
A Pessoa é livre. A
Liberdade do homem é constitutiva do próprio Ser Humano. Contudo a
sua autonomia, ou autodeterminação não é absoluta. Sabemos que o
argumento da liberdade individual é enganador. Que ninguém é
autónomo em absoluto. Podemos dispor do que temos e do que é nosso,
mas da vida não, pois ela não é algo que temos, é algo que somos.
A Liberdade em termos de
Autonomia Pessoal / Autodeterminação
A Liberdade não é
absoluta porque o Homem tão pouco o é. Somos seres criados. A nossa
Liberdade é condicionada –Ortega Gasset falava em “eu e a minha
circunstância” Não dispomos nem determinamos os condicionamentos
da nossa própria natureza (não podemos voar, necessitamos de comer
e de descansar, não podemos fugir à doença, ao envelhecimento e à
morte).
A Liberdade em termos de
Independência Social
Ser Livre não é ser
independente. Somos seres dependentes e interdependentes. Somos seres
Sociais! Desde que nascemos, estamos condicionados pela família,
nação, cultura, com uma determinada herança genética ou de saúde.
Estas circunstâncias fazem parte da nossa condição humana e
definem-nos enquanto pessoa. A vida não pode ser concebida como um
objeto de uso privado, como se estivesse de forma incondicional à
disposição do seu proprietário para a usar ou a deitar fora de
acordo com o seu estado de espírito ou determinada circunstância.
Ninguém vive para si mesmo, como também ninguém morre para si
próprio.
A essência do homem é
Coexistir. A vida tem uma referência social e transpessoal,
associada ao amor, à responsabilidade, à interdependência e ao bem
comum. E o valor da vida de cada pessoa para toda a sociedade não
desaparece quando essa pessoa deixa de ser útil, deixa de produzir,
perde quaisquer capacidades, ou pode vir a ser sentida como “peso”
pelos outros.
10 IDEIAS SOLIDÁRIAS
Esta é a Dimensão humana do problema, porque qualquer que seja a situação, o caso
ou a doença, ou a perspetiva com que se quer olhar para a mesma,
no centro dessa realidade está um ser humano… está uma Pessoa.
Esta dimensão humana da
abertura ao outro (coexistência) tem que nos levar a pensar que
todos temos uma Missão Humana que passa por olhar para o outro,
tocar no outro, dar-se ao outro!
Esta "sede" de Humanidade que todos temos… num mundo tão desumanizado e
impessoal… levou-nos a lançar esta iniciativa das 10 IDEIAS
SOLIDÁRIAS!
Porque cada um de nós é
um Bem para o outro!
É de tal forma inerente
à nossa humanidade este “olhar” para o outro, que nos tornamos
melhores Pessoas (…”mais Pessoas”) quando Também nos damos aos
outros (com uma palavra, um gesto, um sorriso... ou com o nosso
tempo)
Consciencializar a nossa
missão humana é importante, faz-nos bem… mas compromete-nos!!!
E com este desafio -10
IDEIAS SOLIDÁRIAS - podemos estar a contribuir para a mudança de
paradigma na nossa sociedade tantas vezes fria e pouco humana.
* Fundadora do Movimento Cívico STOP eutanásia
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