O caso que mais contribuiu para mediatizar o problema das pessoas em estado vegetativo persistente (EVP) foi o de Terri Schiavo. Sem ser nova na história da medicina, esta realidade é relativamente recente (princípios dos anos 70 do século XX). Os progressos técnicos de reanimação durante os anos 60 permitiram a sobrevivência de pacientes com alterações graves do funcionamento cerebral.
Muito recentemente, duas equipas - uma dirigida pelo neuropsicológico Adrian Owen (Universidade de Cambridge), a outra por Steven Laureys, neurologista (centro de Pesquisa do ciclotrão, Universidade de Liège) - estabeleceram que a actividade cerebral de um paciente em EVP (uma inglesa de 23 anos) indicava que tinha consciência de si própria e do que a rodeava. A experiência consistia em dar comandos orais à jovem enquanto que um scanner de ressonância magnética funcional media a sua actividade cerebral. Os cientistas pediram-lhe para imaginar que estava a jogar ténis e a ir para casa. As áreas cerebrais que comandavam as funções espácio-visuais e motoras manifestaram uma actividade idêntica à de dezenas de voluntários saudáveis submetidos às mesmas instruções. Os pesquisadores concluíram que esta paciente, embora preenchendo todos os critérios clínicos de estado vegetativo persistente, conservava a capacidade de compreender as indicações orais e de lhes dar resposta por uma actividade cerebral, apesar de não emitir palavras ou gestos. Esta experiência interpela os actores do mundo científico, médico e prestadores de cuidados confrontados à dura realidade das pessoas que vivem em EVP.
Texto traduzido e adaptado do Instituto Europeu de Bioética por Carlos Aguiar Gomes
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