quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Dia Mundial do Doente, por Sofia Guedes


Dia mundial do doente! Nada mais apropriado para nos concentrar nesta realidade tão dura que estamos a viver. Tantos doentes, tantos medos, tanto sofrimento, tanta dor, tanta impotência. Mas, também estamos em tempo de, depois do diagnóstico actualizado em cada dia, olhar o lado positivo de todo este sofrimento. Para cada doente, existe alguém que desesperadamente o procura salvar, cuidar, aliviar e mesmo através de mascaras e óculos, ver e dizer com esse olhar: “estou aqui para si!” Alguém que sofre com quem sofre, que dará tudo o que puder para o salvar. Muitas vezes são lágrimas de solidariedade, num sorriso de compaixão, mesmo que escondido.

Com as suas mãos vestidas de luvas que chegam a queimá-las ao fim de tantas horas de trabalho, mas que desejam tocar e chegar a confortar esse que sofre. Corpos que não descansam, não comem, não bebem, para não perder tempo com idas à casa de banho, com aquelas roupas como de astronautas, que raramente se sentam e que apesar disso, tem de ser os valentes. Aqueles em que confiamos a vida. Almas que também sentem a falta dos seus mais queridos, que estão longe de casa e daqueles por quem tudo fizeram apesar de não terem consigo salvar. Cada morte, fica-lhes guardada no coração, mas ali estão, insubstituíveis. Este dia serve ainda para pensar na Humanidade.

No Bem comum, e que está em aliviar, amar se possível salvar. Nesta relação entre almas que se tornam tão reais e visíveis. Reconhecer a nossa dependência uns dos outros, que a nossa autonomia é tão relativa. Este dia serve para condenar tudo o que é contra a humanidade e por isso temos procurar acabar, curar, e vencer a maldade escondida em homens e mulheres como a maioria dos deputados do nosso Parlamento, que parecem viver num planeta fora da terra, onde a sensibilidade foi apagada e substituída por uma total indiferença ao sofrimento e ao grito de compaixão. Mas sobretudo a indiferença a tantos gestos de amor, que encontramos nos nossos. Dia em que devemos pensar na Vida e na Morte, na Alegria e na Tristeza, na Bondade e na Maldade, na Diferença e na Indiferença. Enfim, dia para pensarmos quem somos? E para onde queremos ir.

Sofia Guedes, fundadora do Stop eutanásia


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