O Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa (ICS - UCP) divulgou novos dados do Relatório de Outono do Observatório Português de Cuidados Paliativos 2018. O estudo sobre burnout demonstra que a maioria das equipas apresenta um organograma com identificação dos líderes e responsáveis pelos doentes (82.9%), sendo que mais de metade das equipas (69.7%) não tem plano interno de prevenção de burnout, mas apresenta plano anual de formação contínua (68.4%). Em todas as equipas se admite a existência de um líder e responsável da equipa, embora nem sempre o caraterizem. Das equipas que identificaram os líderes/responsáveis da equipa, a maioria são médicos (65.8%), ou médicos e enfermeiros (13.2%), ou apenas os enfermeiros são responsáveis pela equipa (5.3%), a assistente social (1.3%), sendo que numa outra equipa foi identificada a diretora clínica (1.3%). 10.5% das equipas confirmaram a existência de um líder/responsável, mas não o identificaram.
O relatório revela, ainda, que é identificado, por escrito, o gestor de caso em 48.7% das equipas, e tal não se observa nas restantes (51.3%). Relativamente aos registos das reuniões, cerca de 80% das equipas efetua registos das reuniões, sendo que a maioria dos profissionais que participam são médicos (98.7%), enfermeiros (98.7%), psicólogos (89.5%) e assistentes sociais (93.4%).
Cerca de 70% das equipas apresentam um programa de apoio ao luto
Das 76 equipas de cuidados paliativos que responderam ao inquérito, 69.7% apresentam um programa de apoio no luto, com seguimento da família/cuidadores que perderam um familiar. Destas, apenas 60.5% assumem ter um protocolo formal e estruturado com ações e atividades preconizadas no apoio ao luto.
Das várias ações/atividades propostas pela maioria de guidelines e protocolos de atuação no acompanhamento e apoio ao luto, as questões incidiram sobre carta de condolências, visita ao domicílio, consulta, chamada telefónica e/ou consulta de follow-up. Alguns indivíduos acrescentaram outras questões, tais como a conferência familiar, a consulta de grupo ou envio de sms.
Os profissionais que mais se envolvem nestas atividades são o enfermeiro e o psicólogo, embora os outros profissionais como médico, assistente social e assistente espiritual também participem, mas mais ocasionalmente.
Quanto aos timings das ações/atividades realizadas após a morte do doente, a variabilidade é enorme e difícil de tipificar. No entanto, a grande maioria estabelece um contacto com família/cuidadores até ao primeiro mês após a morte. Algumas contactam no dia da morte, nas primeiras 24h, 48h ou 72h, na primeira ou segunda semana, outras no primeiro mês e algumas referem que este acompanhamento é muito variável, dependente de várias circunstâncias e também personalizado. Consulte aqui o estudo.
Apenas 50% dos doentes morre no local desejado de óbito
Entre os 259 doentes cuja preferência foi reportada, 68.7% preferiu morrer em casa própria ou de um familiar ou amigo), 16.6% numa unidade de cuidados paliativos (UCP), 3.1% num hospital ou unidade que não fosse UCP e 1.1% num lar ou residência. Para além destes locais, 10.4% referiu que não sabia ou preferia não responder.
Dos 188 doentes com local de morte identificado, 54.3% morreu numa UCP, 22.9% num hospital ou unidade que não fosse UCP, 22.3% em casa e 0.5% num lar ou residência.
Analisando dados de 107 doentes cujo local de morte desejado e local de ocorrência da morte eram conhecidos, 26.3% dos que preferiram morrer em casa própria, 54.5% dos que preferiam morrer em casa de um familiar ou amigo, 97.1% (34) dos que desejavam morrer numa UCP e 100% dos que desejavam morrer num lar ou residência conseguiram concretizar a sua preferência. A concordância geral foi de 52.3%, com valor k de 0.34.
Fonte: Newsfarma
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