sexta-feira, 17 de março de 2017

Humanizar a sociedade no fim de vida


Para alargar o debate sobre a eutanásia à sociedade civil decorreu, ontem, o I Encontro do STOP eutanásia com jornalistas, num Hotel em Lisboa, com a participação de apoiantes deste Movimento.
Uma oportunidade para refletir sobre o acto da eutanásia e morte assistida e as suas implicações na sociedade, com a participação de vários oradores do Direito à Medicina. O Dr. Francisco Mendes Correia, advogado apresentou o tema:  Estado pode reconhecer que certas pessoas não merecem viver? Mendes Correia analisou os dois projetos de lei do Bloco de Esquerda e do PAN que propõem legalizar a eutanásia. O advogado afirmou que em comum as propostas têm a «fundamentação no direito de autonomia e autodeterminação segundo a qual cada um é o melhor árbitro e juiz para determinar se a sua vida merece ser vivida».
Mas no entender do advogado há uma contradição: «Se o universo de titulares deveria ser todas as pessoas que podem exercer a autodeterminação, os autores destes projetos estão a dizer que a eutanásia é um direito constitucional escondido e que estamos a esclarecer, mas por outro lado estão a destiná-lo a um só leque de pessoas». O advogado considerou que «reconhecer o direito à morte é dizer que aquela vida já não merece ser vivida, é dizer juridicamente que aquela pessoa não merece viver. O Estado reconhece que há certas pessoas que já não merecem viver. É o limite da ditadura».
O Eng Francisco Vilhena da Cunha, falou das consequências dramáticas da eutanásia nos países onde é legalizada: Na Holanda «a eutanásia triplicou desde que a lei está plenamente em vigor. Há um aumento da incidência da eutanásia no total de mortes. A eutanásia e o suicídio assistido estão a avançar nas causas de morte». Além disso, o engenheiro aeroespacial afirma que há casos noticiados de «pessoas eutanásias sem consentimento expresso ou por doenças psiquiátricas. Em 2015, 165 pessoas foram eutanasiadas por este motivo. Na Bélgica, Francisco Vilhena da Cunha alertou para um aumento de cinco vezes em 10 anos.
O Prof. Dr. Germano de Sousa, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, e durante 9 anos como Conselheiro da Academia para as Ciências da Vida, falou de deontologia e ética na medicina: manifestou-se contra a eutanásia, o suicídio assistido e a distanásia «não por razões religiosas ou teológicas, mas éticas». Acrescentou ainda: «Nos nossos princípios médicos e deontológicos há um que é não infligir mal a ninguém… Temos o dever ético e não podemos administrar, prescrever a morte a ninguém mesmo com o princípio da compaixão».
O testemunho do Eng Fernando Costa, um momento marcante para todos nós,  alguém que esteve hospitalizado um ano, partilhou como avalia um cuidador e que virtudes de humildade  devemos todos ter. A Enfermeira Ana Sofia Santos deu o seu testemunho como especialista em Cuidados Paliativos há 9 anos, numa Unidade de Saúde Privada: «O meu dia a dia é ter pessoas que querem morrer e depois já não querem. Quando alguém chega à unidade e pede a eutanásia o que se deve fazer?" A enfermeira explica que o prioritário é acabar com a dor física. Depois «tentar compreender o que está na base desse pedido. Então o que é que se passa? Muitas vezes não tem dor física. Que meio envolvente temos? Que situação existe? É necessário conhecer o que vem por trás, “eu preciso de ajuda, preciso que me escutem e que me ajudem a viver da melhor forma possível”.
Em jeito de conclusão desta sessão para jornalistas foi apresentado um guia de 10 IDEIAS SOLIDÁRIAS, que tem como objectivo despertar e inspirar todos, e cada um, a perguntarem o que podem fazer no aqui e agora. Um desafio ao compromisso pessoal numa tomada de consciência que leva a trabalhar concretamente, de forma simples e possível, na construção de um mundo cada vez mais humano.
Redacção STOP eutanásia

Sem comentários:

Enviar um comentário