Tenho por hábito dizer que deveria ser proibido presenciar tanto sofrimento humano como aquele que já presenciei. Ainda assim estou consciente de que o futuro profissional ainda me reserva muitos momentos de dor, sofrimento e lágrimas. Quando o doente e a sua família sofrem é porque falhamos. E falhamos todos! Desde os profissionais de saúde aos cidadãos. É imperioso acabar com o sofrimento inútil e sem sentido. É impreterível reformular o nosso Serviço Nacional de Saúde e adequá-lo às reais necessidades da população. É necessário fortalecer a rede nacional de cuidados continuados integrados e de cuidados paliativos. É indispensável reforçar planos nacionais, tal como o plano nacional de luta contra a dor. É preciso deixar de considerar normal haver listas de espera para consultas, exames complementares de diagnóstico e/ou tratamentos. Quando tudo isto estiver feito e nada mais for possível, falaremos de eutanásia… Até lá quero e exijo viver com dignidade e cuidar com dignidade. Falar de eutanásia é querer cortar a meta sem correr a maratona.
Testemunho de Ana Raquel Alves, enfermeira do Hospital Garcia de Orta (Almada)
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