sábado, 11 de fevereiro de 2017

Quando tudo isto estiver feito...

Tenho por hábito dizer que deveria ser proibido presenciar tanto sofrimento humano como aquele que já presenciei. Ainda assim estou consciente de que o futuro profissional ainda me reserva muitos momentos de dor, sofrimento e lágrimas. Quando o doente e a sua família sofrem é porque falhamos. E falhamos todos! Desde os profissionais de saúde aos cidadãos. É imperioso acabar com o sofrimento inútil e sem sentido. É impreterível reformular o nosso Serviço Nacional de Saúde e adequá-lo às reais necessidades da população. É necessário fortalecer a rede nacional de cuidados continuados integrados e de cuidados paliativos. É indispensável reforçar planos nacionais, tal como o plano nacional de luta contra a dor. É preciso deixar de considerar normal haver listas de espera para consultas, exames complementares de diagnóstico e/ou tratamentos. Quando tudo isto estiver feito e nada mais for possível, falaremos de eutanásia… Até lá quero e exijo viver com dignidade e cuidar com dignidade. Falar de eutanásia é querer cortar a meta sem correr a maratona.
Testemunho de Ana Raquel Alves, enfermeira do Hospital Garcia de Orta (Almada)

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