quarta-feira, 19 de abril de 2017

Testemunho do médico Joaquim José Galvão*

Sobre a nova petição a favor da despenalização da morte assistida subscrita por médicos e enfermeiros só posso dizer que é lamentável.
Também sou médico e profissional de saúde e não me revejo nestas considerações aqui apresentadas nem nos fins que elas tentam justificar.
Muito menos sinto que com a eutanásia ou o apoio ao suicídio assistido eu estivesse "a melhor respeitar a vontade dos meus doentes".
Sim, reconheço que poderia ser "uma frustração" profissional que "pela impossibilidade de aliviar de forma satisfatória a agonia" dos doentes que, "sem qualquer esperança de vida" apenas estão "à espera que a morte ponha termo ao seu martírio".
Não, como estes profissionais lembro que já não devo praticar a distanásia ao "manter ou iniciar tratamentos inúteis", mas devo apoiar a pessoa humana física e moralmente digna de todos os meus cuidados para não sofrer até que a morte natural ocorra.
Como médico não posso aceitar que haja "as situações em que a boa prática é deixar morrer". Não não posso nem devo deixar simplesmente morrer, nem muito menos provocar a morte recorrendo ao que sei que acaba com a vida se eu administrar seja o que for e em que condições artificiais por mim criadas para que tal ocorra.
Por isso, sou pela vida e tenho orgulho nos meus códigos de ética profissionais.

*Médico no INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica

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